terça-feira, 29 de novembro de 2011

O Santo Espírito: Dom e Poder

O Santo Espírito


Dom e Poder


Última Mensagem de Evelyn Underhill

15 de Junho de 2008

Aniversário do Seminário e 105 anos de nossa Educação Teológica no Brasil



“Desde o início a Igreja esteve segura de que as séries de eventos que concorreram para o final inevitável da Semana Santa resumem e expressam os segredos mais profundos da relação de Deus com os seres humanos. Isto significa que a fé cristã jamais poderá ser só uma religião agradável ou consoladora. É trabalho duro. Está preocupada com a salvação através do sacrifício e do amor em um mundo no qual, como agora podemos ver, o mal e a crueldade são crescentes. Seu símbolo supremo é o Crucifixo – o ofertório total do ser humano aos propósitos redentores de Deus.



Somos todos filhos de Deus e temos todos nossa parte a desempenhar em seu plano redentor; a Igreja consiste nas almas amorosas que aceitam este dever, com todos os seus custos. De seus membros é exigido que vivam, cada um em seu caminho, através dos sofrimentos o abandono da Cruz; isto, como a contribuição única que podem fazer para a redenção do mundo. Os cristãos, assim como seu Mestre devem estar prontos a aceitar o pior que o mal e a crueldade lhes possam fazer, além de vencer tudo isto pelo poder do amor.



Se sacrifício e entrega total ao propósito misterioso Deus é o que se espera de nós, Sua resposta a este sacrifício é o dom de poder. Páscoa e Pentecostes completam o Mistério Cristão ao mostrar-nos, primeiro nosso Senhor mesmo e então, seus apóstolos escolhidos cheios de poder - poder do Espírito – que transformou todas as situações com que se depararam. Este poder sobrenatural ainda é a herança de todo cristão, e nossa idéia de fé cristã será destorcida e incompleta a menos que confiemos assim. É somente este poder que pode suscitar a nova sociedade cristã da qual tanto ouvimos. Devemos rezar por ela; esperá-la, nela confiar, e assim fazendo, aos poucos estaremos mais e mais dela convictos.”

(1) Esta foi a última carta que Evelyn Underhill escreveu ao Grupo de Oração que dirigia, para a Páscoa, em 1941. Ela morreu dois meses mais tarde, na Festa de Corpus Christi.





Os Sete Dons do Espírito



“Os escritores místicos nos falam de certas qualidades que são tradicionalmente chamadas de – os sete dons do Espírito -; se estudarmos a natureza especial destes dons veremos que são nomes de marcas ou poderes interligados que trabalham unidos pela edificação e esclarecimento da personalidade toda – como a edificação da natureza humana à novos níveis, uma sublimação do seus instintos primitivos. O primeiro par destas qualidades que devem marcar nossa humanidade espiritual são chamados de Santidade e Temor. Por elas significamos o solene instinto de relação direta com uma ordem eterna, aquela seriedade e encanto que devemos sentir na presença dos mistérios do universo; o temor do Senhor que é o princípio da sabedoria. Destes, crescem os dons chamados Conhecimento, o poder de discernir os verdadeiros dos falsos valores, de escolher um bom caminho pelo mundo confuso e a Força, o forte controle central das diversas energias do ser: este talvez, o dom mais necessário de nossa distraída geração. – Pelo dom da força espiritual, - diz Ruysbroeck, o ser humano transcende todas as coisas de sua condição como criatura, além de possuir-se a si próprio, poderoso e livre. - Este certamente é um poder que devemos desejar para as crianças do futuro e a elas devemos alcançá-lo, se nos for possível.



Vemos que os primeiros quatro dons do Espírito governam o ajuste do ser humano em sua vida terrena: eles incrementam muitíssimo o valor da personalidade na ordem social, esclarecendo a mente e juízo, conferindo nobreza aos objetivos. Os últimos três dons – chamados como Conselho, Inteligência e Sabedoria – governam o relacionamento com a ordem espiritual. Por Conselho, os escritores místicos significam aquela voz interior que, na medida em que a alma amadurece, urge conosco a deixar o transitório e procurar pelo eterno; isto, não como ato de dever, mas como ação de amor. Quando esta voz é obedecida, o resultado será uma Inteligência espiritual; a qual, como diz Ruysbroeck novamente, pode – “ser semelhante ao nascer do sol, que enche o ar com seu brilho claro, iluminando todas as formas, mostrando a distinção de todas as cores”. Este dom espiritual assim, irradia o mundo todo com um novo esplendor e nos mostra segredos sobre os quais jamais antes cogitamos. Dele, os poetas conhecem vislumbres e dele procede seu poder; é que ele capacita os seus possuidores a viver verdadeiramente, a partir a perspectiva de Deus e não da perspectiva humana.”



(De uma Antologia do Amor de Deus, por Evelyn Underhill)

Extraído de The Anglican Digest, Pentecost 2008



ADORAÇÃO



“A Adoração é a primeira e a maior das respostas da vida ao seu ambiente espiritual; é o movimento primeiro e mais fundamental na direção do Espírito, a semente da qual todas as demais orações devem brotar. Ela está dentre as forças educativas mais poderosas, purificando o entendimento, formando e desenvolvendo a vida espiritual. Assim como jamais podemos conhecer o segredo da grande arte ou música, até que tenhamos aprendido e olhar e escutar com humilde reverência – alcançar uma beleza além de nosso alcance – assim a procura e o apreço permanecerão intocados, até que tenhamos aprendido a contemplar, ouvir e adorar. Somente então iremos adiante de nós mesmos e de nossa pobre visão, derramado-nos àquilo que nem conhecemos, escapando de nossa pequenez e de nossas limitações, para a a vida universal.”



Evelyn Underhill, The Golden Sequence, Methuen & Co. Ltd., 1932, página 162



Tradução de D. Luiz O. P. Prado para uso interno do SETEK






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