quinta-feira, 16 de junho de 2016
Evelyn Underhill, Mística e Mestre da Fé, 1941 - 15 de Junho
TEOLOGIA E ESPIRITUALIDADE ANGLICANA.
terça-feira, 29 de novembro de 2011
O Santo Espírito: Dom e Poder
Dom e Poder
Última Mensagem de Evelyn Underhill
15 de Junho de 2008
Aniversário do Seminário e 105 anos de nossa Educação Teológica no Brasil
“Desde o início a Igreja esteve segura de que as séries de eventos que concorreram para o final inevitável da Semana Santa resumem e expressam os segredos mais profundos da relação de Deus com os seres humanos. Isto significa que a fé cristã jamais poderá ser só uma religião agradável ou consoladora. É trabalho duro. Está preocupada com a salvação através do sacrifício e do amor em um mundo no qual, como agora podemos ver, o mal e a crueldade são crescentes. Seu símbolo supremo é o Crucifixo – o ofertório total do ser humano aos propósitos redentores de Deus.
Somos todos filhos de Deus e temos todos nossa parte a desempenhar em seu plano redentor; a Igreja consiste nas almas amorosas que aceitam este dever, com todos os seus custos. De seus membros é exigido que vivam, cada um em seu caminho, através dos sofrimentos o abandono da Cruz; isto, como a contribuição única que podem fazer para a redenção do mundo. Os cristãos, assim como seu Mestre devem estar prontos a aceitar o pior que o mal e a crueldade lhes possam fazer, além de vencer tudo isto pelo poder do amor.
Se sacrifício e entrega total ao propósito misterioso Deus é o que se espera de nós, Sua resposta a este sacrifício é o dom de poder. Páscoa e Pentecostes completam o Mistério Cristão ao mostrar-nos, primeiro nosso Senhor mesmo e então, seus apóstolos escolhidos cheios de poder - poder do Espírito – que transformou todas as situações com que se depararam. Este poder sobrenatural ainda é a herança de todo cristão, e nossa idéia de fé cristã será destorcida e incompleta a menos que confiemos assim. É somente este poder que pode suscitar a nova sociedade cristã da qual tanto ouvimos. Devemos rezar por ela; esperá-la, nela confiar, e assim fazendo, aos poucos estaremos mais e mais dela convictos.”
(1) Esta foi a última carta que Evelyn Underhill escreveu ao Grupo de Oração que dirigia, para a Páscoa, em 1941. Ela morreu dois meses mais tarde, na Festa de Corpus Christi.
Os Sete Dons do Espírito
“Os escritores místicos nos falam de certas qualidades que são tradicionalmente chamadas de – os sete dons do Espírito -; se estudarmos a natureza especial destes dons veremos que são nomes de marcas ou poderes interligados que trabalham unidos pela edificação e esclarecimento da personalidade toda – como a edificação da natureza humana à novos níveis, uma sublimação do seus instintos primitivos. O primeiro par destas qualidades que devem marcar nossa humanidade espiritual são chamados de Santidade e Temor. Por elas significamos o solene instinto de relação direta com uma ordem eterna, aquela seriedade e encanto que devemos sentir na presença dos mistérios do universo; o temor do Senhor que é o princípio da sabedoria. Destes, crescem os dons chamados Conhecimento, o poder de discernir os verdadeiros dos falsos valores, de escolher um bom caminho pelo mundo confuso e a Força, o forte controle central das diversas energias do ser: este talvez, o dom mais necessário de nossa distraída geração. – Pelo dom da força espiritual, - diz Ruysbroeck, o ser humano transcende todas as coisas de sua condição como criatura, além de possuir-se a si próprio, poderoso e livre. - Este certamente é um poder que devemos desejar para as crianças do futuro e a elas devemos alcançá-lo, se nos for possível.
Vemos que os primeiros quatro dons do Espírito governam o ajuste do ser humano em sua vida terrena: eles incrementam muitíssimo o valor da personalidade na ordem social, esclarecendo a mente e juízo, conferindo nobreza aos objetivos. Os últimos três dons – chamados como Conselho, Inteligência e Sabedoria – governam o relacionamento com a ordem espiritual. Por Conselho, os escritores místicos significam aquela voz interior que, na medida em que a alma amadurece, urge conosco a deixar o transitório e procurar pelo eterno; isto, não como ato de dever, mas como ação de amor. Quando esta voz é obedecida, o resultado será uma Inteligência espiritual; a qual, como diz Ruysbroeck novamente, pode – “ser semelhante ao nascer do sol, que enche o ar com seu brilho claro, iluminando todas as formas, mostrando a distinção de todas as cores”. Este dom espiritual assim, irradia o mundo todo com um novo esplendor e nos mostra segredos sobre os quais jamais antes cogitamos. Dele, os poetas conhecem vislumbres e dele procede seu poder; é que ele capacita os seus possuidores a viver verdadeiramente, a partir a perspectiva de Deus e não da perspectiva humana.”
(De uma Antologia do Amor de Deus, por Evelyn Underhill)
Extraído de The Anglican Digest, Pentecost 2008
ADORAÇÃO
“A Adoração é a primeira e a maior das respostas da vida ao seu ambiente espiritual; é o movimento primeiro e mais fundamental na direção do Espírito, a semente da qual todas as demais orações devem brotar. Ela está dentre as forças educativas mais poderosas, purificando o entendimento, formando e desenvolvendo a vida espiritual. Assim como jamais podemos conhecer o segredo da grande arte ou música, até que tenhamos aprendido e olhar e escutar com humilde reverência – alcançar uma beleza além de nosso alcance – assim a procura e o apreço permanecerão intocados, até que tenhamos aprendido a contemplar, ouvir e adorar. Somente então iremos adiante de nós mesmos e de nossa pobre visão, derramado-nos àquilo que nem conhecemos, escapando de nossa pequenez e de nossas limitações, para a a vida universal.”
Evelyn Underhill, The Golden Sequence, Methuen & Co. Ltd., 1932, página 162
Tradução de D. Luiz O. P. Prado para uso interno do SETEK
terça-feira, 3 de novembro de 2009

O dia 15 de Junho marca a data em que a Igreja Anglicana lembra Evelyn Underhill. Ela morreu no dia 15 de Junho de 1941. Sendo 15 de Junho também a data do “Aniversário do Seminário”, nós a adotamos como a Padroeira desta casa de formação teológica. Nasceu em 6 de Dezembro de 1875. Faleceu aos 65 anos de idade, casada, dona de casa, novelista, escritora e mística, foi pelo SETEK acolhida como fonte de inspiração. Autora anglo-católica, escritora e pacifista, ficou conhecida por seus inúmeros textos sobre a Fé Cristã, a experiência espiritual e o misticismo cristão. Dentre os textos mais conhecidos, Misticismo e também Adoração constituem um legado que permanece como sua visão de Deus. Condutora de retiros e diretora espiritual de grande sabedoria, Evelyn influenciou nomes como C. S. Lewis, celebre escritor leigo anglicano, e o próprio mundialmente conhecido escritor e teatrólogo T. S. Eliot. O mistério da fé, esta talvez possa ser a expressão mais resumida de toda a sua visão e vocação. Em seu texto, A Vida Espiritual, escreveu: “A maioria dos nossos conflitos e dificuldades resulta de se tentar lidar com os aspectos práticos e espirituais da vida como que separadamente, em lugar de percebê-los como um todo. Se nossa vida prática está centrada em nossos próprios interesses, enrolados pelas posses, distraídos pelas ambições, paixões, desejos e ansiedades, submersos pelo sentido de nossos próprios direitos e importância, aflições por nosso próprio futuro ou inquietação por sucesso, não devemos esperar que nossa vida espiritual seja um contraste em relação a tudo isto. A morada da alma não está construída em um plano assim tão conveniente: dispomos de poucos compartimentos à prova de som. É somente quando a convicção – não meramente a idéia – de que o chamamento do Espírito, mesmo que inconveniente, vem primeiro e SEJA o primeiro, e governe tudo isso, é que tais ruídos objetáveis morrerão, e acessaremos o pequeno oratório interior bem decorado, permitindo que aflorem as vozes mais quietas. É que a vida espiritual é simplesmente uma vida em que tudo o que fazemos vem do centro, aí onde estamos ancorados em Deus: uma vida mais e mais embebida pelo senso de Sua realidade e chamado, como ofertório ao grande movimento da Sua vontade.” The Spiritual Life, Harper & Row, 1936, página 37
domingo, 24 de maio de 2009

FÓRMULA PARA A ORAÇÃO CRISTÃToda oração verdadeira pode ser carregada sob três direçõesa adoração de Deus,a comunhão com Deus,a cooperação com Deus;e dessa adoração, liturgia,o elevar de nosso coração e mente ao Eternodeveria ser sempre ensinado primeiro.Se nós começamos com interesse próprio,ou ainda com os interesses de nosso próximo ou do mundo,nós podemos nunca chegar muito longe.Elevem seus corações?é a fórmula da oração cristã.Ela procura primeiro o reino de Deus;e nós temos que guardar esta verdade em primeiro plano.
NOSSA HERANÇADeus,que permaneces tão decisivamente acima de nossa vida,fonte de todo o esplendor e de toda a alegria,estás ainda em um contato muito próximo e carinhoso conosco,e nos levas, através de todo o esplendor e alegria, em direção à verdade.Ele criou em nós,tal desejo por ele somente,de tal modo que os breves momentos da eternidade que algumas vezes nos visitamfazem tudo o mais parecerem cinzas e pó, sem vida e sem valor.paragrafo">Portanto,não pode haver situação em nossa vida, nem atitudes, nem preocupação ou relacionamentos que nos impeçam de olhar para esse Deus de verdade absoluta, e dizer ?Pai Nosso? de todos nós e de todas as outras almas envolvidas.Nossa herança é Deus, nosso Pai e nosso Lar.
Nós o reconhecemos, diz São João da Cruz, porque nós ainda. carregamos em nosso coração um áspero esboço do semblante bem-amado.Olhando para estas profundezas,tal como para uma silenciosa lagoa numa floresta escura,nós lá encontraremos olhando para nósa face que implicitamente nós ansiamos e já conhecemos.
Ela está num outro mundo,numa outra luz, mas também está aqui.Na medida que nos apercebemos disso, nossa oração flui até que ela possa incluir os extremos de adoração respeitosa e do amor confiante, e ambos se fundam numa coisa só.
OS FRUTOS DO ESPÍRITOOs frutos do Espírito tornam-se mais escassos e menos vistosos na medida em que avançamos. Fidelidade significa continuar tranqüilamente com o trabalho que nos foi dado, na situação onde nós estamos situados, sem render-se para o impaciente desejo de mudança...Os santos que eu tenho conhecido na carne têm sido seguidamente incapazes de manter alguma coisa por eles mesmos, e têm agonizado profundamente pelo sofrimento do mundo; mas eu não penso que eles experimentaram alguma absorção mística na vida em geral. Eles somente amaram todas as coisas com o amor de Deus. Esta é a razão pela qual eu sempre sinto que o melhor caminho para ensinar e segundo mandamento é concentrar-se no primeiro!Se a graça não estivesse mais interessada em nós do que nós na graça, a maioria de nós viveria e morreria no inferno. Ela é tão mais forte do que nós somos que ela nos converterá, a despeito de nossa resistência automática.Nos dias que virão, eu estou certa de que o cristianismo terá de mover-se para fora das igrejas e capelas- ou melhor, espalhar-se para longe, através do foco devocional da sua vida- e justificar-se a si mesmo como uma filosofia completa da existência; embelezando e enriquecendo todos os níveis do ser, físico, social, mental, bem como espiritual, dizendo a verdade sobre Deus e o ser humano, e lançando sua radiância transfiguradora na totalidade do mundo atual, no qual a humanidade tem que viver.